Minha
experiência com leitura, foi singular, pois o meu livro de história era na
verdade o meu pai, todas às noites quando chegava da lavoura, alí já estava a
meninada, eu e meus irmãos, esperando pela continuação das histórias de
aventuras que viriam. Isto tudo era encantador, já que não tínhamos livros.
Quando entrei na escola, com mãos duras foi tão engraçado, pois nunca tinha
manusiado um lápis, meu pai insistia que eu pegasse pauzinho e escrevesse no
chão, dizia ele que era a mesma coisa. Penso que foi importante tudo que ele
fazia com pouca escolaridade. Aos sete anos já estava alfabetizada, é lógico
que foi cartilhesco, mas não notei diferença, porque amava ler tudo
que via, mesmo que descontextualizado. Na adolescência lembro dos meus
primeiros livros emprestados: Jane Eyre, O tronco do Ipê, A mão e a luva. Com o
tempo vieram muitos outros, sempre gostei de ler e estar interagida com o mundo
literário. Adorei todos os depoimentos, pois me espelho neles. Como disse Rubem
Alves " A literatura é um processo de transformações alquímicas".Hoje
como professora, sou contadora de histórias para meus alunos, isto é, com a
mesma intenção de meu pai, pois descobri desde cedo que a escrita só acontece
quando se tem um grande repertório literário.
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